sábado, 4 de fevereiro de 2017

Que tipo de leitor a escola me formou?



Não posso negar que tive três professores tão apaixonados por literatura que transpiravam paixão quando se iniciava uma discussão com a palavra que começava com a letra  "L". 

Por isso irei dividir minha vida literária na escola em três fases:

Fase Um: Juventude água com açúcar

No sexto ano do fundamental quando eu tinha onze existiu uma febre chamada "Crepúsculo" e confesso sem ter vergonha nenhuma que eu fui uma adepta. Foi o meu primeiro livro "grande" a ser lido, bem, quase lido porque eu não passei do capítulo 17 (que chatice!). Aí disse para o meu professor que não conseguia acabar o dito cujo e na época ele tinha colocado em uma de suas provas um texto de Dom Casmurro e eu tinha amado, como boa pessoa que era, ele me emprestou o livro, mas eu tinha onze anos e não entendia metade das palavras escritas. Então foi aí que ele me deu Romeu e Julieta numa versão simplificada e eu amei. Mas a questão com esse professor é que ele falava dos livros que lia com tanta emoção que eu queria me sentir assim também. 

Fase Dois: Sentimentos em caixa alta

A professora citada a seguir merece uma dedicatória porque não se trata de uma professora que me ensinou as escolas literárias ou quem foi o Padre José de Anchieta grande ativo no Quinhentismo. Essa pessoa maravilhosa se tornou minha amiga de onde compartilhamos muitas histórias. Uma vez iniciamos uma conversa sobre "O diário de Anne Frank" e como nos sentíamos tão próximas dos pensamentos que ela escrevia em seus diários, principalmente em relação a nossa família. Depois veio Clarice Lispector com o livro "Felicidade Clandestina" que eu talvez - só talvez- tenha pego dela. Muitos livros se seguiram daí e um deles foi "Senhora" que eu amei. Essa professora falava de Madame Bovary, IvanHoe, Ana Karenina, O Ateneu etc. 


Fase Três: Devaneios nas entrelinhas

O último e não menos importante foi aquele professor que me fez sair da minha zona de conforto, que me desafiava a ler o que eu não conhecia, me mostrou o outro lado.
Em uma de suas aulas ele levou os dez livros preferidos dele e nos mandou que fizéssemos o mesmo e apresentassemos os nossos livros para a turma. Lembro também dele ter passado no colégio o filme "O grande Gatsby" que chamou atenção de todos os quarenta e cinco alunos e depois sorteou um exemplar para cada turma que ele tinha passado o filme. Infelizmente não fui a sorteada, mas depois acabei comprando o livro.  Só que esses não foram os únicos que me fizeram pensar e perguntar "O quê que é isso?" Eu lembro que eu me recusava a ler "Revolução dos bichos" ou "1984" mesmo com ele dizendo que eu tinha que  ler. Comecei a ler "Lolita" e até fiz um trabalho sobre ele. 


Pois é, a vida foi boa comigo. Tive outros professores muito bons também, mas esses três foram os que sem dúvida me marcaram mais. Não passei no colégio vendo apenas livros clássicos da literatura brasileira de modo mecanizado para alguma prova ou com um fim parecido. Li livros por prazer. Livros esses que foram-me indicados pelos meus professores.

Sempre gostei de ler e por isso tenha sido mais fácil para mim me interessar pelas aulas e ter feito amizade com todos. Mas o trabalho deles foi obra individual passada para mim com muito carinho. 

Sei que a realidade de muitas outras pessoas são e foram diferente da minha, mas o futuro pode ser mudado e escrito por cada um de nós. Um mundo com mais liberdade e menos mecanização.

4 comentários:

  1. Adorei, Giuly ! Achei seu blog super criativo e alto astral!! Parabéns pela sua trajetória com a leitura, espero agora me dedicar aos livros literários, nunca é tarde. Beijos!!

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    1. Nunca mesmo!! Quero ver vc lendo As crônicas do gelo e fogo em uma semana KKKKKKKKK

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