domingo, 19 de fevereiro de 2017

Aula Quatro



13 de Fevereiro de 2017


Quando começo a escrever esse diário é sempre uma queima de neurônios absurda. E sabe o porquê? Porque tudo parece ser muito simples na minha cabeça as palavras vem com a mesma facilidade de quando você escuta a sua música preferida e já sabe a letra de cor. 

Mas se vou para por aqui? Querida Kitty¹, sou tipo Rita Lee cantando "minha saúde não é de ferro não, mas meus nervos de aço" e por isso continuo seguindo.

Hoje eu me senti como se estivesse numa mostra de blogs na pinacoteca da reitoria. Já poderia até imaginar o título " Escritores no .com que se escondem na sala de aula". Quanto talento se esconde através daqueles rostos com sono. Nada mais a dizer. Se antes a proposta do blog não tinha ficado clara agora está cristalina. Que professora espertinha hein?! 

Então.

Intertextualidade. 

I N T E R T E X T U A L I D A D E
(substantivo feminino)

Que palavrinha poderosa. Não é  à toa que o texto que vimos hoje se chamava " Escrita e Intertextualidade". E também não foi à toa que lemos "As mil e uma noites" na aula passada.

Então deixe-me começar do início. Isso mesmo! Com pleonasmo e tudo.

"Qual foi o "X" de As mil e uma noites ? "

Essa foi a pergunta nos feita durante a aula pela professora.
O que queria Rubem Alves nos mostrar com todo aquele dramalhão? (Perceba meu sentimentalismo aqui.)

Eu, você, acho que todo mundo - pra falar a verdade- se vê em um mundo onde há muitas coisas importantíssimas para fazer. Estudar, estudar muito, trabalhar, trabalhar muito, arrumar um emprego, arrumar um emprego bom, ser promovido, ganhar dinheiro, juntar dinheiro, comprar uma casa, ter um plano de saúde. Isso são exemplos. Exemplos reais do que a maioria está em busca. Essa é nossa sociedade nos pedindo sempre mais. Nos pedindo nosso máximo. Nosso melhor.

Em algum exemplo que dei mencionei a palavra amor ? Poderia ter citado casamento, mas casamento seria o sinônimo de amor ou seria uma nova classificação de status social para a palavra amor?

E o que isso teria ver com o texto de Rubem Alves, afinal?

O que o sultão tanto procurava com esposa atrás de esposa? 

Ele procurava algo que estava no meu olho e não vi. Ele procurava o amor eterno. 

Vamos adaptar esse contexto social...Pense na pessoa que está do seu lado, a sua frente ou atras de você, pense que a coisa que ela mais quer na vida dela não é um trabalho bom, uma promoção ou rios de dinheiro. A pessoa que está aí pertinho de você quer um amor eterno.  Quer um "Eu te amarei eternamente e um dia depois".

"Que babaquice!" Você pensaria.

De tudo do mundo que posso ter qual a razão me levaria a optar por um amor eterno?

No meio em que vivo tenho o direito a um amor eterno?

Andrea falou da era medieval, do iluminismo e do paradigma pós-moderno. Mas onde nos encaixamos aí? Numa sociedade romântica como a que vivemos hoje teríamos tempo para o besterol-televisão?
Ou nosso individualismo falaria mais alto e apontaria a direção correta a se seguir? O que está na mesa realmente importa? É muito fácil olhar e perceber o que as pessoas dizem o que devemos ter, mas elas em momento nenhum entendem o que precisamos ter.

Precisamos disso? Preciso dar banho de água mineral no meu cachorro enquanto há pessoas morrendo de sede bem embaixo no meu nariz? 

Cheguei na questão.

Se você ainda não entendeu vou ser mais clara. Qual a importância/ Qual o valor disso tudo?

Essa busca desenfreada por dinheiro, o capitalismo nos vendendo a imagem  de compra, e onde ficam nossos valores, nossa moral, nossa ética?

Não estou dizendo que o comunismo é mil maravilhas e seria a melhor opção até porque não acredito nisso. Só acho que é uma questão muito maior do que direita ou esquerda. Do que Marx ou Olavo de Carvalho.

A aula de hoje foi antes de tudo uma reflexão. Uma reflexão sobre quem somos e por que fazemos o que fazemos.

O que acredito é mesmo bom? E bom pra quem?

O mundo precisa ser um reflexo do meu espelho?

Por fim, vou falar algo que nem tinha me tocado até então...Gabriel apresentou hoje na "roda de conversa" o livro O Retrato de Dorian Grey que fala sobre a busca do prazer pessoal e uma crítica transparente em relação ao "eu". E César falou sobre  Os Sertões que é baseado em fatos reais. Parando pra observar soa até engraçado quando você é e está no lado b. Na parte da grama que não é tão verde. Do lado que se opõe. Ou seja, a ovelha negra. E isso, as vezes, nem sempre é tão ruim assim.




NA( nota do autor) ¹: referência ao livro O diário de Anne Frank, toda vez que Anne escrevia em seus diários ela iniciava com "Querida Kitty" .

Um comentário:

  1. Giuliana, menina das muitas sensações

    Com esse seu lindo texto, fomos nós que experimentamos outras sensações. Eu, totalmente interessa em desencadear em vocês novas relações com a leitura e a escrita, quase morri de tantas sensações com a leitura desse seu texto. Espero que você possa ajudar seus colegas, não apenas aqueles mais próximos, a construírem, cada vez mais, caminhos de interação com a linguagem. Entre nos blogs dos demais e estimule-os a chegar aqui, onde vc chegou! Muito bom tê-la em sala de aula. Beijos e curta o Carnaval. Com as mil e uma sensações.

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